NOCAUTE

Friday 12 February 2010

MELHOR NÃO RETALIAR

Mais enrolada que algodão-doce no palito, a pendenga sobre o algodão brasileiro chega a um desfecho, na OMC, com vitória do nosso produtor. Até que enfim, as ações predatórias do Tio Sam, sobre a nossa fibra, foram estancadas por um organismo criado sob os auspícios do predador. Pombas, o governo Lula Picilóvi não é mesmo de brincadeira, pois parece chuteira de beque de várzea, para quem, do pescoço para baixo, tudo é canela. Olê, olê, olá, Lula, Lula! Espere um momento: who the hell these third world business men think they are? Deve ter-se perguntado, atônito, um dos derrotados, secundado por sua mulher aos gritos – no way, no way! -, perguntando o que será da festa de aniversário da filhinha do casal depois de semelhante sangria financeira nesse mundo em crise. Como um touro indomável, o encostado na parede saca o telefone do gancho e mete o dedo na ferida, digo, nas teclas, ligando para a Embaixada dos Estados Unidos, no Brasil. Falou em inglês, mas eu traduzo para facilitar o andamento.

- Pombas, o que esses deslumbrados de meia tigela pensam que são? Avisa aí, avisa aí pra parar com essa pretensão, senão, posso invadir essa selva com os garotos e tomar conta de tudo, como fizemos com o México, Nicarágua, Cuba – não se esqueçam do general Wood -, Panamá, República Dominicana, Guatemala, em 54, e nossa intervenção aí mesmo em 1964.

Ainda não se sabe quem atendeu o telefonema, mas que o embaixador foi avisado, ah, isso foi. Educado como uma rainha, mister... mister... não me vem, embora saiba que o sobrenome tem a ver com o nome do filho de Bruce Lee, pois bem, o recém-chegado ao Brasil traduziu o recado com uma frase prenhe de significados: melhor não retaliar. Há, por exemplo, quem tenha saído, na imprensa modorrenta, vociferando que a sentença é uma séria advertência antes de uma possível invasão do exército norte-americano, que desembarcaria suas tropas em Natal e viria descendo até o Ano Novo. Mais ainda: depois do Irã, seremos nós a bola da vez. Analistas descobriram que nas entrelinhas esconde-se a idéia de que colocar algodão na fogueira da atual crise, enfrentada pelos sobrinhos do Tio Sam, só vai aumentar as chamas no império. Nada que se compare a um barril de petróleo do Iraque, mas, com o Pré-Sal por aí, nunca se sabe o que pode acontecer.

Se você considera tudo isso meio paranóico, que os negócios podem ser resolvidos pacífica e civilizadamente, saiba que há milhares de casos na história que mostram exatamente o contrário. Para ilustrar como as coisas funcionam, eis uma piadinha dos tempos em que Cuba era disputada entre os Estados Unidos e a Espanha, contada pelo mestre Nelson Werneck Sodré. Diz-se que o magnata da imprensa WR Hearst enviou um escritor e um ilustrador para cobrir a guerra a ser deflagrada naquela ilha. Ao verificar que tudo estava em completa tranquilidade e louco pra retornar ao lar, o ilustrador enviou um telegrama, a Hearst, nos seguintes termos: aqui tudo calmo, não haverá guerra, desejo voltar. O magnata respondeu assim: favor permanecer aí, você fornece as ilustrações, eu forneço a guerra.

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