NOCAUTE

Thursday 24 March 2011

AI! CAI NA CAIXINHA

Com a lâmina
A leste da janela
Fatiou um naco
Nascente do Sol
Cuidadosamente
Guardou o achado
Na caixinha quadrada
Com mola no mecanismo
Já cansada de Beethoven
Sempre e sempre Pour Elise
À noite do mesmo modo
Procedeu conforme a Lua
Cheia apareceu no céu
Desde então quando dá corda
O repertório é surpresa
Ora contém Sol ora Lua
Na melodia lá presa
Vez em quando aparece
Entre um e outro tema
Um pout-porri esquisito
É o eclipse no sistema

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NOCAUTE

Saturday 19 March 2011

NOMES DE CÃES

- Cãozinho lindo, qual o nome?
- Cuca Fresca.
- De raça?
- Vira-lata, com ‘pedigree’.
- Late?
- Duas vezes ao dia.
- Como assim?
- Ele só se manifesta entre as 12 e 12h15min e 19 e 19h15min.
- Você está me gozando.
- Estou fornecendo o troco.
***
- Cadelinha mais linda que é essa.
- Você não é o primeiro e elogiar.
- E a graça da fofa?
- Gênia.
- Eugênia.
- Nada disso, Gênia, mesmo.
- Tão engraçadinha e com o nome mais original que conheço. É a primeira que ouço falar de ter sido assim batizada.
- Eu também.
- Nossa, que coisa mais estranha, ela tem o mais inacreditável focinho de porquinha que já vi na minha vida.
- No passado, ela foi uma porquinha.
- Você está me gozando.
- Estou não. Ela era uma perfeita porquinha, no tempo em que perambulava tristemente pelas ruas. Depois que a recolhi, transformou-se completamente, até dá a pata para o convidado beijar.
***
- Cãozinho gozado.
- Humorista.
- Ele faz a gente rir?
- Humorista é o nome dele.
- Qual a origem desse nome?
- Ele é muito mal-humorado.
- Uma contradição.
- De jeito nenhum.
- Você está me gozando.
- Eu não. Aqui, quem faz piada é ele.

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NOCAUTE

Friday 18 March 2011

EXIGIMOS TESÃO!

Indignado, um amigo me envia notícia produzida pela Agência Estado, contando com a ajuda da Agência Brasil, sobre a conclusão tirada pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, em diferentes regiões do Brasil. O fato é que empresas diversas não estão colocando o tê maiúsculo dentro do triângulo minúsculo, como forma de identificação do alimento à base de transgênicos. Os testes foram feitos por um laboratório, credenciado pelo Ministério da Agricultura, que indicou a presença de OGMs no milho e na soja como ingredientes dos produtos dribladores. Na lista daquelas que não estão usando o tesão no rótulo, conforme obriga a lei, consta nomes de grande saliência no mercado de alimentos industrializados. Delicie-se.

Adria, com seus biscoitos Tortinhas de Chocolate com Cereja, que ‘de um jeito ou de outro, todo mundo come’. Kraft Foods e seus biscoitos Trakinas, ‘qualquer hora é hora para um’. Nestlé e seu Bono de morango, ‘o biscoito cheio de recheio’. A ‘big’ Bangley, produtora do biscoito de morango Tortini. E para não dizer que invocaram com os biscoitos, o time conta com a participação da farinha de milho Fubá Mimoso, da Zaeli, a mistura para bolo sabor coco Dona Benta, J. Macedo, as barras de cereais Nutry, da Nutrimental, mistura para panquecas Salgatta, isso mesmo, com dois tesinhos para compensar a permanência do tesão no banco de reservas, os Baconzitos Elma Chips, da Pepsico, e, finalmente, para completar a equipe surgiu o bolinho Ana Maria Tradicional, sabor chocolate, marca consagrada da mexicana Bimbo, que tem entre os seus compromissos ‘incentivar o respeito e apoio à união familiar e às tradições nacionais’ – do México?

Ciente da gravidade do problema, a diretoria do Ih!Bofe – Instituto Brasileiro de Levantamentos Serôdios – órgão independente de defesa da ética e transparência nas empulhações ao consumismo, enfim, como citávamos, a diretoria decidiu por unanimidade, visto que há um só diretor, enviar uma pesquisadora ao empório do Seu Neneca, na periferia do centro, para conferir se a denúncia tinha fundamento. O relato da enviada diz tudo, acompanhe.

‘Ao chegar ao empório, mostrei a Seu Neneca o rol do rolo transgênico, perguntando ao conhecido comerciante se trabalhava com algum daqueles produtos. Ele passou os olhos de cima a baixo, primeiro sobre meu corpo depois sobre os nomes listados, e foi parando diante dos hífens que antecediam cada item, com o indicador da mão direita, cuja unha pedia urgente higiene. Emporiozinho danado de sortido, o tal, pois guarda em suas gôndolas as 10 marcas acusadas de deliberadamente esconder o tesão. Com a permissão de Seu Neneca, retirei um Bimbo da arrumação e passei a analisar. Realmente, atrás, na frente ou nos lados, nenhum sinal do tesão. Abri a embalagem, afinal, um erro de impressão poderia ter colocado o tesão por dentro – nada, nada, nada.

Movida por uma coragem da qual só uma experiente é capaz, espetei um bolinho na ponta da esferográfica azul e o levantei à altura dos olhos de Seu Neneca, que me pareceu assustar-se com um possível desdobramento da ação, uma estocada a Bimbo. Na verdade, ele se distanciara para melhor me observar pernas acima, como se aquela região escondesse o símbolo tão desejado. Educadamente, ofereci um naco de Bimbo aos dentes de Seu Neneca, que dispensou a gentileza. Enfiei o bolinho inteiro na boca, passando a mastigar e aferir seu conteúdo. Finda a degustação, Seu Neneca quis saber minha opinião. Lambi os lábios, provocando um fio de baba à direita da boca de Seu Neneca, e descrevi a sensação de comer uma iguaria sem tesão. Seu Neneca circulou os olhos do sul ao norte, temperou a garganta e arrematou a história, garantindo não ter culpa por eu não haver encontrado o tesão na sua mercadoria, quem sabe numa próxima... Despedi-me, agradecendo a acolhida e lembrando de que alguém já escrevera que, sem tesão, não há solução. Posteriormente, na base, recomendei, como título para divulgação da pesquisa, o povo exige tesão.

Sondagem ulterior, feita em seis importantes capitais do país, entrevistando 6 milhões de brasileiros e eiras, confirmou o que nossa pesquisadora sênior aconselhara: 100% das pessoas consultadas escolheram, entre as duas frases propostas, aquela que representou um promoção salarial para a funcionário do Ih!Bofe: exigimos tesão!

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NOCAUTE

Thursday 17 March 2011

AI! CAI NO JAPÃO

Mais cedo
Ou mais tarde
Ela retoma
A tocha
A França
Escreveu Jean
Em 15 de julho
Um antes da guerra
A segunda grande
Ele que amava
Os seres do mundo
Eis que se confirma
Sua presciência
A França
A primeira
A denunciar
Ao mundo extático:
O Japão encobre
Após terremoto
Após tsunami
A verdade nua
Sobre a besta atômica
A besta humana mente!
Na vereda aberta
Pela Marselhesa
Outras vozes
Pouco a pouco
Fizeram coro:
América
Espanha
Alemanha
Por fim a voz
Das Nações Unidas
Mas já era tarde
A noite descera
Ao norte das almas
Estendera as trevas
Ao sul da esperança
As garras que gelam
Infantis sorrisos
Senis resistências
Oh deuses dos povos
Piedade de nós
Humanos

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NOCAUTE

Wednesday 16 March 2011

AVANÇO TECNOLÓGICO

- Toc, toc, toc!
- Quem deseja?
- Correio.
- Às dez da noite?
- Eletrônico.
- Urgência?
- Presente.
- Remetente?
- O grego.
- Conheço nenhum.
- Cavalo.
- Grego ou argentino?
- Grego, de Troia.
- Recheado de gregas?
- Libertino, claro que não.
- Gregos?
- Acorda! Com vírus!
- Desculpe, não vou abrir a porta.
- E onde está a curiosidade?
- Já foi dormir.
- Vai me dispensar assim, sem mais, nem menos?
- Retorne ao remetente com um recado.
- Sim?
- Destinatário não encontrado.
- Mas...
- Ou melhor...
- Sim?
- Volte daqui a 10 anos.
- Com certeza, o cavalo já terá ido pro brejo em 10 anos.
- Então, não deve ser de Troia, a espécie é imortal.
- Por favor, abra a porta, eu garanto que é legítimo.
- Relincha?
- Sim, escute: rinrin roar rinrin roar rinrinrin...
- Meio estranho este som.
- Está gripado.
- Empina?
- Como nenhum outro.
-Dá coices?
- Como um potro.
- Alimenta-se de quê?
- Qualquer coisa disponível.
- Capaz de devorar tudo que tenho, imagino?
- Você tem muito, alguma coisa há de sobrar.
- Como sabe?
- ‘Spy’, espionagem.
- Escuta, não vou abrir, mas, deixe-o aí na entrada que sei como dar sumiço.

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NOCAUTE

Sunday 13 March 2011

AI! CAI NAS GARRAS

Desafasta criatura
A onça já achegou
E quer beber água pura
Perdoa a que você sujou
Desaloja mas não fuja
Porque nos planos da onça
Mais do que uma intrusa
Você é uma bonança
A onça está com fome
A caça anda escassa
Há três dias que não come
Isso acaba com a raça
Ela prefere cordeiro
Ou outro de quatro patas
Mas não tem tu vai tu mesmo
À la carte com batatas
Cordeiro não dá mais sopa
Bom cabrito não aparece
A onça dentro da roupa
Visivelmente esmaece
Algo prejudicial
Aos movimentos da onça
Você é providencial
Não me venha com lambança
Vá ali detrás da moita
Trate de tirar a veste
Comece pela gravata
Essa tripa que aí desce
Converse com seus botões
Solte o cinto desça a calça
Aos sapatos os cordões
Desamarre pata a pata
Permaneça de cueca
Mantenha a compostura
Sente no chão grite Eureca!
Curta a vida enquanto dura

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