NOCAUTE
Thursday 13 January 2011
A QUEDA DO REBOCO
No filme dirigido por Piers Haggard, O diabólico Fu Manchu (The fiendish plot of Dr. Fu Manchu), Peter Sellers é Nayland Smith, ex-superintendente aposentado da Scotland Yard convocado a voltar à ativa por bem conhecer os métodos do famigerado vilão, naquela altura com 168 anos e desesperado para conseguir o presente do Czar Nicolau ao seu primo e Rei da Inglaterra, o diamante amarelo, que é um dos ingredientes da fórmula do elixir da juventude de Fu. Nayland passa a trabalhar junto com o Comissário Roger Avery, seu assistente, Robert Townsend, e os dois homens enviados pelo Tio Sam para resolver o caso: Giuseppe Capone, irmão do Al, e seu assistente, Pete Williams. Afinal, o outro diamante amarelo, Estrela de Leningrado, fora roubado pelos homens do Fu da Exposição dos Operários de Leningrado, no Moneyman Institute, em Washington. Perspicaz como uma aranha, Nayland revela aos companheiros que o plano de Fu para o roubo do George V será através do sequestro do rei e da rainha, a serem trocados pela joia. A ideia é pegar o casal no camarote de um teatro e, portanto, lá estão mocinhos e bandidos para o que der e vier.
Munidos de binóculos, Nayland e os tipos do FBI, atentos, vão descobrindo a turma de Fu espalhada por vários lugares do teatro. Em certo momento, Nayland vê um celerado em pé, num dos corredores da casa, vestido de funcionária e pronto para entrar em ação. Imediatamente, os ladinos do Hoover levam as mãos às armas, sob as axilas esquerdas, loucos para sacar e mandar balas no meio da plateia. Como alternativa à iminente truculência, Nayland saca a fleuma inglesa e diz mais ou menos o seguinte para os investigadores: sem armas, por favor, aqui não, pois trincaria o reboco. A cena ilustra e ajuda, até certo ponto, a entender a mais recente tragédia norte-americana em Tucson, Arizona: os filhos do Tio Sam, com frequência, partem para resolver as coisas trincando o próprio reboco, pois a apologia à violência parece que, realmente, funciona. Como reforço irônico à ideia, uma vez que a desequilibrada Sarah Palin é líder do Tea Party, no filme, ao chegar à Scotland Yard, Capone comenta com seu auxiliar que, a partir dali, serão submetidos aos excessos do chá dos ingleses, que parecem não conhecer outro tipo de bebida. São os gringos, com a sua arrogância imperial corriqueira, confundindo tudo.
E tome discussão para descobrir o motivo que levou o desequilibrado a escolher a senadora democrata Gabrielle Giffords como o primeiro alvo, escolhido entre aqueles divulgados, na internet, em página da ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2008. Houve ou não influência das escabrosas ideias do Tea Party na cabecinha doentia do tantã Jared Loughner? A venda de armas, defendida pela extrema direita com unhas, dentes e colunistas da VEJA no Brasil, deve ser submetida a um controle rigoroso ou feita conforme os desejos da indústria bélica, que certamente gostaria de vender M-16, nos supermercados e farmácias, da mesma forma que preservativos com a marca do time do consumidor ou desodorantes proteção total durante 24 horas? Enquanto isso, diz-se que, em Washington, pede-se a revisão de planos para que os próprios legisladores portem armas de fogo como resposta. Mais armas ou da discussão nasce a treva. E isto me leva de volta ao filme, cuja propaganda animava o espectador com o seguinte apelo: Cuidado! Veja esse filme – uma hora depois vai querer vê-lo novamente! É isso, os americanos estão perdendo o norte.
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